A Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), comandada por Sabá Reis, firmou um novo contrato milionário com a empresa MURB Manutenção e Serviços Urbanos LTDA, investigada pela Polícia Federal. O extrato foi publicado no Diário Oficial do Município do último dia 31.
O contrato tem valor global de R$114.827.999,88 para execução de serviços de conservação e limpeza urbana em vias, logradouros e bens públicos da prefeitura.
Do valor total, R$ 7.974.166,66 já foram repassados à empresa. O restante será liberado no período que sobra de vigência do contrato, que tem duração de 12 meses contando a partir de 3 de outubro de 2024.
Contratação logo após eleição
Mal terminou o segundo turno das eleições de 2024, e a prefeitura já realizou uma contratação inesperada com recursos milionários. A rapidez da decisão e os valores envolvidos levantam dúvidas sobre a transparência e os critérios adotados pela gestão de David Almeida.
O que mais chama atenção é a aparente falta de rigor nas escolhas do Executivo Municipal: uma empresa sob investigação da Polícia Federal será beneficiada com o repasse quando o seu antecedente deveria ser um fator determinante para sua exclusão da administração pública.
A contratação da MURB, com este histórico suspeito, pode soar como uma afronta tanto aos órgãos de controle quanto à população de Manaus.
Investigada pela PF
Em 2023, a Polícia Federal deflagrou a Operação Dente de Marfim, que revelou diversos ilícitos praticados pela Semulsp com a empresa Mamute Conservação.
Entre as irregularidades identificadas estavam troca de favores, nomeação de parentes e pagamentos indevidos ao titular da pasta, Sabá Reis.
Após o escândalo envolvendo a Mamute, a prefeitura contratou de forma emergencial e sem licitação a MURB, que pode ser um desdobramento da operação, pois a empresa foi denunciada por financiar um evento em apoio à candidatura de Daniel Almeida, irmão do prefeito David Almeida, ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2022.
Essa não é a primeira acusação de irregularidades envolvendo a MURB. Em 2011, conforme publicado pelo portal Radar Amazônico, os donos da empresa, que também são proprietários da Arganorte Indústria e Comércio, foram investigados por superfaturamento na merenda escolar fornecida à Prefeitura de Manaus e tiveram seus bens bloqueados pela Justiça Federal.
O Portal O Poder entrou em contato com o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) a respeito da contratação, mas não obteve retorno até a publicação dessa matéria.