Em evento com ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova York nesta quarta-feira, 25 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que as nações do grupo econômico não podem se furtar das responsabilidades diante das graves crises geradas pelas mudanças climáticas e cobrou ações efetivas do grupo no combate à fome e na mudança da gestão das principais instituições multilaterais.
“O Brasil está trabalhando com afinco para conseguir avanços concretos na agenda do G20. O G20 é responsável por 80% das emissões globais de gases de efeito estufa. Sua liderança na missão de conter o aquecimento a um grau e meio fará a diferença para todo o planeta”, afirmou Lula. Em 2024, o Brasil exerce a presidência do G20 e recebe a reunião de cúpula do grupo nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
A Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20 marca um capítulo inédito na história da ONU, já que pela primeira vez os países do grupo se reuniram na sede da instituição em Nova York, em um encontro aberto a todos os integrantes da Organização.
Durante a fala, Lula elencou as principais pautas a serem trabalhadas em sua visão, em torno dos eixos de inclusão social, mudança do clima e governança global. “No centro das nossas prioridades está a luta contra as desigualdades em todas as suas formas. Essa preocupação permeia os três eixos que guiam nossa presidência”, frisou.
INCLUSÃO SOCIAL – No eixo de inclusão social, a preocupação central é o combate à fome. “Em julho, adotamos as bases para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já está aberta a adesões e será oficialmente lançada em novembro. A Aliança vai mobilizar recursos técnicos e financeiros para promover uma cesta de políticas públicas de eficácia comprovada contra esses flagelos”, explicou o presidente brasileiro.
MUDANÇA DO CLIMA – As mudanças climáticas, segundo Lula, exigem responsabilização efetiva não só das nações, mas de outros setores que se conectam com o tema . “O Brasil trouxe para o debate climático atores como bancos centrais e bancos públicos de desenvolvimento, para garantir uma transição justa. Aprovamos o primeiro documento multilateralmente acordado sobre bioeconomia”, lembrou Lula.
GOVERNANÇA GLOBAL – O terceiro eixo refere-se a uma reforma no sistema de governança global, capaz de reposicionar a ONU no centro das decisões internacionais. Este tema, segunda Lula, deveria ser o foco da reunião em Nova York. “A comunidade internacional está correndo em círculos. Não conseguimos responder aos desafios globais porque trocamos o multilateralismo por ações unilaterais ou arranjos excludentes. Não trabalhamos juntos porque as instituições multilaterais estão desacreditadas”.
Segundo o presidente brasileiro, para romper esse ciclo vicioso, é necessário coragem para mudar e empenho para superar as diferenças. “Nossa capacidade de resposta é prejudicada, em particular, pela falta de representatividade que afeta as organizações internacionais. Se os países ricos querem o apoio do mundo em desenvolvimento para o enfrentamento das múltiplas crises do nosso tempo, o Sul Global precisa estar plenamente representado nos principais foros de decisão”, prosseguiu o presidente. Ele disse que o Brasil considera apresentar uma proposta de convocação de uma Conferência de Revisão da Carta da ONU. “Cada país pode ter sua visão quanto ao modelo de reforma da governança global ideal. Mas precisamos todos concordar quanto ao fato de que a reforma é fundamental e urgente”.